Quando falamos sobre artilharia no futebol, qual é o primeiro pensamento que vêm à sua cabeça? Aposto que você imaginou Ronaldinho, Tardelli, Pratto, Reinaldo, Dadá Maravilha, Mário de Castro e até os mais atuais como Hulk, Nacho, Zaracho e Vargas. Você chegou a pensar em algum momento em zagueiros artilheiros? Tenho quase certeza que não!
Então, vamos lá.
Grandes artilheiros do passado
Em todas as áreas da vida temos exemplos de preconceito. Os que mais se falam são o preconceito social, o racial e o de sexualidade, mas convivemos com tantos outros que às vezes nem percebemos.
No futebol, esses e outros preconceitos existem, mas outros são tão óbvios e não vemos.
Um deles se trata da nossa lista de artilheiros.
Nasci em 1958 e sigo o futebol desde 1970, antes disto era como uma criança normal e brincava quase o tempo todo na rua. Sempre ouvi falar dos grandes artilheiros mundiais, por exemplo o húngaro Ferenc Puskás, o português Eusébio, os brasileiros Leônidas e Garrincha, o francês Just Fontaine – artilheiro da Copa de 1958 com 13 gols, recorde que nunca foi batido em uma só Copa – e tantos outros. Depois vi o alemão Gerd Muller, o italiano Paolo Rossi – que tristeza -, e mais recentemente Ronaldo e Cristiano Ronaldo para não me alongar muito.
No Brasil vi um pouquinho de Pelé e Tostão – sim, cito um jogador excepcional que se mostrou no rival -, depois vi Roberto Dinamite, Flávio do Inter, Doval, Nunes, Serginho, Careca, Túlio Maravilha, Dimba, Washington, Romário, Fred, Ricardo Oliveira no auge e tantos outros artilheiros do Brasileirão.
No Galo, razão deste espaço e do nosso coração, Mário de Castro, Guará, Ubaldo, entre outros mais antigos, e vi de perto Reinaldo – recordista do clube com 265 gols, para mim o maior de todos os tempos -, Dario, Valdir Bigode, Guilherme (de 99), Marques, Éder, Tardelli, Gérson, Renaldo, Jô, etc.
Pronto, já “enchi muita linguiça”. Vamos à prática. O que todos estes citados têm em comum? Cinco segundos para a resposta.
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Quem falou que são todos atacantes acertou, parabéns!
Temos outros artilheiros muito importantes
Quer dizer que só vamos reverenciar os atacantes artilheiros? O que dizer dos nossos zagueiros artilheiros? Eles nunca decidiram jogos e até títulos?
Que zagueiro você tem lembrança de um gol inesquecível?
Quem lembra do campeão Vantuir e ainda Leandro Almeida, Marcos, André Luiz, Cláudio Caçapa, Cléber, Batista e Olivera, zagueiros que fizeram pelo menos quatro gols em competições nacionais?
Deixei nossos três maiores zagueiros artilheiros de fora desta lista: Luizinho, Leonardo Silva e Réver.
Na semana em que o Réver completou seu 30º gol pelo Galo em 300 jogos, é especialmente a eles que rendemos nossas homenagens.
Zagueiro que mais jogou pelo Atlético
Luizinho, novalimense nascido Luiz Carlos Ferreira, jogou 537 partidas pelo Galo e fez 21 gols. Ganhou a Bola de Prata de Placar em 1980 e 1987, dois anos de grandes atuações do time em que o título não veio por detalhes, seja pela arbitragem tendenciosa ou por um regulamento injusto. Em 1982 foi para a seleção brasileira que jogou o melhor futebol desde 1970, convocado pelo melhor técnico da nossa história, Telê Santana, no meu modo de ver. Foi 11 vezes campeão mineiro.
Zagueiro dos gols imortais
O carioca Leonardo Fabiano da Silva e Silva passou por vários clubes e veio do Cruzeiro em 2011, depois de sofrer uma grave lesão e ser considerado incapaz de prosseguir na profissão. Jogou 390 partidas pelo Galo e fez 36 gols, maior marca de um zagueiro no clube. Fez gols antológicos, como o da vitória sobre o Fluminense em 2012, em passe magistral de Ronaldinho Gaúcho. Mas o que o imortalizou na história do clube foi o gol que fez aos 41 minutos do segundo tempo na final da Libertadores de 2013 contra o Olímpia, quando recebeu um passe de Bernard e cabeceou no contra-pé do goleiro Martin Silva, levando o time à prorrogação e depois aos pênaltis – entre os quais ele marcou um gol – e ao título mais importante da vida do atleticano. Depois ainda foi campeão da Recopa Sul-Americana e da Copa do Brasil em 2014. Aposentou no final de 2019 e trabalha nas divisões de base do Atlético.
Zagueiro internacional
Réver Humberto Alves Araújo formou as famosas “torres gêmeas” do Atlético com Leonardo Silva. Natural de Ariranha, São Paulo, foi revelado nas categorias de base do Paulista de Jundiaí, onde conquistou a Copa do Brasil de 2005 junto com o goleiro Victor – tendo eliminado o Cruzeiro nas semifinais. Depois de passar por Al-Wahda, Grêmio e Wolfsburg, chegou no meio de 2010 ao Galo e rapidamente passou a ser o capitão do time. Também foi campeão da Libertadores de 2013, marcando dois gols, sendo um na estreia contra o São Paulo e outro no emblemático jogo de volta das quartas de final contra o Tijuana do México. Em 2014 participou da campanha de conquista da Recopa e da Copa do Brasil. Em 2015 se transferiu para o Internacional, em 2016 para o Flamengo e voltou ao Galo em 2019. Atualmente está na reserva do time comandado pelo Cuca, mas é o zagueiro mais utilizado quando um dos titulares não pode atuar. Seu contrato foi renovado até o final de 2022. Podendo ainda escrever mais histórias na lista de nossos zagueiros artilheiros.
Temos ainda que nos preparar para mudar um outro paradigma, o de enaltecer as atletas do futebol feminino do Galo, as Vingadoras. Mas isto fica para outra oportunidade.
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